A apresentadora do programa “Esquenta” da Rede Globo, Regina Casé,
esteve presente no camarote oficial no Campo Grande (Circuito Osmar),
nesta terça-feira (17). Uma das apaixonadas pelo Carnaval soteropolitano
– curte a folia aqui desde a década de 1970 -, ela revelou um grande
carinho pelo circuito do Centro da cidade e apontou grandes momentos
vividos na avenida, além de falar sobre a Axé Music e da música da folia
deste ano.
“Eu gosto do Carnaval aqui no Campo
Grande, porque adoro ver os blocos afros e de samba. Como eu acho que
faço um dos programas mais democráticos que temos hoje, eu me identifico
muito aqui com o Centro. Eu acredito que o Carnaval está ótimo porque
está tendo até um renascimento”, contou, ressaltando que não acredita na
crise da Axé Music que está sendo propagada pela mídia. “Acho que o
Carnaval está fortíssimo e muito mais gente que não gostava mais de vir
para o Carnaval voltou a vir. Eu estou sentindo uma onda muito boa”,
ressaltou a apresentadora.
Sobre o Circuito Osmar,
ela revelou um carinho especial por ter vivido, há mais de 20 anos, o
momento mais importante da folia desde que passou a curtir o Carnaval de
Salvador. “Meu sonho era sair no Ilê Aiyê na época que Vovô (presidente
do bloco) era muito radical, não deixava (pessoas não-negras saírem na
agremiação). Estava assistindo aqui no chão e aí alguém me jogou o
torço, outro jogou o pano e me jogaram tanto colar que fiquei toda
vestida de Ilê Aiyê. Era tanto carinho dos integrantes comigo que Vovô
me olhou bem bravo com aquela cara, eu na corda, e ele disse: ‘Venha’. E
eu saí no Ilê Aiyê numa época que realmente era difícil, só quem era do
Curuzu mesmo e que era negro. Foi maravilhoso, foi uma emoção muito
grande. E era meu aniversário e ganhei um grande presente. Sem dúvida,
dentre muitas coisas maravilhosas que já passei no Carnaval, essa foi a
mais emocionante”.
A apresentadora também elogiou
atrações como o Cortejo Afro e o Olodum. “Eu adoro o Cortejo Afro. Penso
que, no momento em que todo mundo achava que os blocos afros estavam
perdendo força, surgiu o Cortejo Afro que não compete, que não tem
ambição e é de uma elegância, como ele mesmo diz, ‘elegantemente
sofisticado’. Acho que a contribuição do Cortejo Afro em termos de
tudo, de paz, de axé mas, principalmente, de arte, é a coisa mais linda.
E o Olodum, que eu saí durante toda a minha juventude na sexta-feira,
no auge do bloco, tenho um amor, um carinho gigante”, salientou, sem
esquecer de dizer que também gosta de trio e que já pulou muito como
pipoca nas décadas de 1970 e 1980.
Sobre a música
do Carnaval este ano, Regina Casé se mostrou indecisa. “Tá difícil, tem
tantas... Tá vendo, o pessoal diz que o axé está em crise, né? Uma hora
eu pergunto e o povo fala ‘Xenhenhém’, na outra fala ‘Tudo nosso, nada
deles’, outro fala que é ‘Rainha má’, outro diz que é o ‘Pra frente, pra
frente’, então eu vou deixar o povo julgar qual é a música do
Carnaval”, finalizou, rindo.